segunda-feira, 17 de janeiro de 2011




"Eu tenho saudades que são saudades de elefantes
Essas saudades são bem grandes, gordas, cinzas, empacadas.
Chegam e teimam em não partir.
Algumas vezes, meus elefantes, vem sozinhos, noutras chegam aos montes, uma "elefantéia de saudades".
Entram gordos, arrombando portas, sentam bem no meio da casa.
Gosto dos meus elefantes.
Não reclamam, não gritam, nem desesperam, apenas surgem e ocupam um espaço imenso.
Ficam lá, tranquilos, denunciando faltas, apontando ausências com suas trombas esquisitas.
A única coisa possível a fazer é dizer aos donos dos meus elefantes
Tenho uma saudade elefante de você.
Então eles partem, para outro dia retornar
Lembram sempre, meus gordinhos, que afeto não foi feito para economizar.
Que amor elefante a gente tem que comunicar.
Minhas saudades elefantes tem o tamanho dos meus amores.
Meus elefantes são imensos!
É que não sei amar pequenininho."

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011



"Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.
 Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.
Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto."
 Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."
 Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou."
 Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei."
 Por fim, a última peça caía, deixando-a nua:
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui."
 E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca."

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011




“- Ruth... você está me partindo o coração.
Suspirei. 
- Você teve o que queria. A mim.
Não devemos tentar nos apropriar do que sabemos que não é nosso. Mesmo que por algum milagre se torne disponível para nós. 
- Você sabe o que é uma catástrofe, Ruth?
- Acho que sim. 
- Não, em matemática. Sabe o que a palavra “catástrofe” significa... em matemática? 
- Não. 
- Significa um “sistema que perturba outro”. Você me perturbou. Você me invadiu.”

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011





Bati na porta do seu coração.

Com licença, eu posso entrar?
Entrei devagarzinho naquela superfície macia, embora já tivesse passado e passasse ainda por inúmeros dissabores.
Oi?
Ele pulsou. Consentiu.
Entrei. Sentei. Conheci. Gostei. Gostei mais ainda. Conheci mais ainda. Amei. Sofri. Chorei.
Criei laços. Viciei. Remendei. Emendei. Tentei fugir. Voltei. Amei mais ainda. Ri. Liguei. E liguei de novo. E tentei fugir. E novamente voltei. E ri. E amei mais e mais ainda. E me perdi. E me achei.
E por fim perguntei: Com licença, eu posso ficar?


Maria Clara.

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011




"Naquele momento, o triste homem pensou no pai, que lhe esmagara a infância, lhe causara muita dor. Seu pai, emocionalmente distante, alienado, enclausurado em si mesmo, mas o suicida não tocava nesse assunto com ninguém; era-lhe extremamente difícil lidar com as cicatrizes do passado. Atingido por essas recordações angustiantes, disse em tom mais ameno, com lágrimas nos olhos:
- Cale-se. Não fale mais nada. Deixe-me morrer em paz.
Ao perceber que havia tocado em uma ferida profunda, o homem que o questionava diminuiu também o tom de voz.
- Eu respeito a sua dor e não posso elaborar nenhuma tese sobre ela. Sua dor é única, e é a única que você consegue realmente sentir. Ela te pertence e a mais ninguém.
Essas palavras iluminaram os pensamentos do homem quase em prantos. Ele entendeu que ninguém pode julgar a dor dos outros. Compreendeu que a dor de seu pai era única e, portanto, não poderia ser sentida ou avaliada por mais ninguém a não ser ele mesmo.
Como poucas vezes na vida, chorou sem se importar com as pessoas que o observavam. Era um homem de cicatrizes profundas.
- Meu pai brincava comigo, me beijava e me chamava de “meu filho querido”, mas ele me abandonou quando eu era criança, sem me dar explicação e hoje faz que não me conhece.
Ele chega a me ignorar pela rua."


[...]
Estou eu sentada na varanda da casa de Tia olhando a chuva fininha que cai serena, e segurando o rosto entre as mãos.
O cachorro dela está deitado em meus pés. Como sempre!
Ele constantemente faz isso, às vezes, ele chega a morder minhas canelas e puxar a barra da minha calça até eu sentar e ele se esparramar nos meus pés. E dormir.
Um sono invejável!
Agora, nos dias de chuva, ele sempre chega  todo molhado!  Sujo, sujo de lama e deita exatamente em cima do meu all star branquinho! Eu tenho vontade de lhe puxar essas orelhas caídas, mas não me importo! É como um carinho. Um carinho sem igual.
Ele parece se sentir bem e ter uma certa necessidade disso, por isso eu o entendo! O entendo muito bem.
- Tá pensando em alguém Clarita?
A voz da minha Tia congela os meus pensamentos.
- Tô não Tia! Tô com um tiquinho de sono...
O cachorro abre os olhos e me olha. Suspira e volta a dormir.
- Pois bem, mas você sabe que sono é uma coisa e amor é outra não sabe Clarita?
- Sei Tia... Sei sim!



 Maria Clara.

sábado, 8 de janeiro de 2011



Sabe, eu queria pode te dar um abraço agora e te dizer o quanto eu te amo.
Eu queria poder te mostrar que não precisa ser doloroso assim, mas eu pensei que eu ia agüentar! Eu pensei com a minha ingenuidade de uma mulher de 21 anos que isso não ia me magoar.
Mas magoou.
Uma vez uma amiga me disse assim: Por mais que a gente não veja uma pessoa e mantenha contato com ela, a gente acaba se acostumando e aquilo vai ficando bom, aquilo vai aquecendo seu coração vai preenchendo seus dias vai te fazendo feliz e quando você percebe, você já está completamente apaixonada por esse alguém.
É, foi isso que houve.
Own, você fez meus dias brilharem, meu coração suspirar! E sabe? Eu te amei com a extremidade dos meus sentimentos e nem ao menos balancei o seu coração enquanto você avassala o meu!
Mas a culpa é minha... Eu sabia! Eu tinha a consciência! Mas porque não sonhar? Porque não viver dos sonhos? Seu eu não tiver você nos meus sonhos e o terei onde?
Eu sei não é assim, mas deixa-me sonhar!
Eu não quero perder você, eu não quero! Eu quero você comigo como “sempre” foi, eu quero você no meu ouvido como sempre “é”! Eu quero você comigo como eu sempre sonhei!
Eu quero, mas eu não posso.
Eu não quero chorar mais e nem sofrer mais porque você sempre foi meu motivo de mais verdadeira alegria.
E assim que eu te peço não me exclua da sua vida, não me tire seus problemas e nem mesmo sua felicidade, não tenha receio de me machucar porque isso a certo ponto já é impossível!
Eu me deixo machucar.
Mas eu preciso de um tempo, eu preciso colocar a vida em ordem, procurar um rumo, deixar esse amor que faz escândalo aqui dentro se acalmar. Eu preciso dormir agora.
Mas não quero dormir pra não sonhar, não quero ficar acordada pra não sonhar!
Na minha cabeça toca um música em preto e branco.
Eu preciso mesmo é de um botão de pause!
Eu preciso entrar em espera e oh! Essas lágrimas que me caem são tão doídas!
Esse aperto que meu coração se espreme me corta, me fere, me mata.
Não me abandona, eu imploro! Não me abandona! 
Às vezes só a sua amizade já me basta! Às vezes você sabe direitinho o que fazer.
Eu nem sei mais o que eu tô falando, eu nem sei mais que dia é hoje!
Ah! Eu queria sair agora e não voltar tão cedo, beber demais até meus problemas sumirem!
Ah! Eu queria um abraço agora! Ah! Eu queria e quero tanta coisa!
Mas como você mesmo cantou pra mim, se amanhã não for nada disso caberá só a mim esquecer! Eu vou sobreviver.
Desculpe-me por ter entrado no seu mundo assim sem saber se você queria ou não.
Eu não tenho jeito mesmo eu sempre soube das infinitas limitações pra esse sentimento e mesmo assim eu deixei acontecer! Então agora quem tem que sofrer pela escolha sou eu.
E é isso aí! Vai ficar tudo bem.
Sempre fica.

Boa noite.

Eu amo você.
Eu amo você.
Eu amo você.
Ahhhhhhhh!
Eu amo você!
Que desespero, meu Deus! Que desespero.




Maria Clara.