domingo, 25 de dezembro de 2011

Tá tudo igual, mas eu tô aguentando. Eu ando cansada. Como diz o cara de barba: quando acho que estou quase chegando, tenho que dobrar mais uma esquina. Ando mesmo de saco cheio de esquinas. Tava aqui pensando e eu comecei a escrever essa carta tem umas 3 horas, eu faço mil coisas ao mesmo tempo, você sabe, enfim... Hoje no almoço, percebi que ano novo tem gosto de uva passa. Ei, talvez eu coloque em prática meus planos que eu disse antes. Tenho que ir, porque ninguém gosta de cartas enormes, é bom saber a hora de parar. Eu vou continuar escrevendo, responde logo, porque talvez eu mude e quando a gente demora muito a perceber os outros, a gente se magoa e nunca é a mesma coisa. Mesmo que eu mude, não esqueça que eu não quero que você esqueça, e se for seguro, te mando algo lá do fim do mundo.
Com carinho grande de quem se perde.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

"Eu quero, certo? Não sei se devo, também não sei se posso. Se é permitido? Sei lá, 
 acho que também não sei o que é dever ou poder, mas agora estou sabendo de um
jeito muito claro o que é precisar, certo? E quando a gente precisa, não importa que
seja proibido."
        O motivo da saudade é o mesmo da alegria.
            A diferença é a distância: quando longe é saudade; quando perto só alegria.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011


A clara menina, Clara. disse (22:52):
augusto
as vezes quando você dorme
e fica mexendo
eu escuto o barulho da cama
kkkkkkkkkkkkkkkkk
guto. diz (22:54):
*kkkkkkkkkkkkkk
*eu sei.
*maria
*as vezes quando voce dorme
*eu escuto voce roncando
*kkkkkkkkkkkkkkkkk
A clara menina, Clara. diz (22:54):
*AH VAI TOMAR NO SEU CU!
A clara menina, Clara. diz (22:55):
*COM COISA QUE VOCÊ NÃO RONCA, NÉ???
*TE ODEIO


(L)

domingo, 16 de outubro de 2011

sábado, 15 de outubro de 2011

‎" - diz (21:49):*NAAAAAAAAAAAAAAO*vc me lembra uma frase*triste*do caio*nao quero*=/
*Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. 
*por mais que vc queira*eu nunca vou sair daqui*em momento algum*vou te deixar sozinha."
Ah, só porque eu tenho a mania de te chamar de meu. Meu menino. ♥

domingo, 9 de outubro de 2011


Estou com saudades daqui, mas só venho aqui quando eu fico muito triste ou muito sozinha. Ou quando algo dá errado, ou quando meu coração espreme demais, ou quando... Chega.

domingo, 18 de setembro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011


Aqui está o meu rosto verdadeiro... Defronte do crepúsculo que não alcançaste. Abre o túmulo, e olha-me: - Dize qual de nós morreu mais?

Pode pensar o que quiser, ainda acho a reciprocidade uma das coisas mais gostosas - e divertidas - desse mundo.
A regra é simples, como nos livros de matemática da infância:  você pertence ou não pertence. É ciência.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

“Pessoas com vidas interessantes não têm fricote. Elas trocam de cidade. Investem em projetos sem garantia. Interessam-se por gente que é o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego em vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida”

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Eu quero que você morra, que quebre em mil pedacinhos. Eu quero que seu time sempre perca nos pênaltis. Quero que você esqueça as chaves, documentos e cartões no táxi. Que confunda, sempre, sal com açúcar. E aquela blusa que você não tira, eu quero que ela manche. Eu quero você. Eu quero que você broxe quando for comer a mulher mais gostosa da night. Que seus downloads falhem. Que a cerveja esteja sempre quente. Eu quero você. Eu quero que o PS3 trave, que os relatórios nunca fiquem prontos e que o carro arranhe quando for fazer aquela curva na garagem. Eu quero que você desafine. Que você perca todos os seus emails e ninguém nunca responda suas mensagens de texto. Eu quero que você seja banido do Messenger e seu celular exploda. Eu quero você. Que você sempre escolha a caixa mais lenta do mercado e aquela compra que você fez online nunca chegue. Que você tenha a pior ressaca do mundo, todo domingo. Eu quero você. 

quarta-feira, 7 de setembro de 2011



Feliz você e eu, feliz nós.
Um milhão vezes zero é zero. Ou seja: não coloque sua intensidade onde não tem nada.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011


Ele não era um menino comum, isso eu soube desde que o vi. 
Foi quando eu senti, mais uma vez, que amar não tem remédio.

sábado, 20 de agosto de 2011

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1.)Passe o mouse do 9 até o 6.
2.) Pressione ctrl + f.
3.) Digite 9 e aperte enter.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sente-se e fique à vontade para me virar pelo avesso.

domingo, 14 de agosto de 2011

Todas as manhãs ela deixa os sonhos na cama, acorda e põe sua roupa de viver.
Sabe, essa palavra, pai, é incrível.Pra mim representa uma pessoa muito importante, que é a minha base, e que admiro imensamente pela trajetória. É um exemplo de dedicação, de amor incondicional, e é isso que me orgulha dele, a doação. Hoje é comemoração, o calendário diz, mas eu sinto que é todos os dias.  
Meu pai continua sendo e sempre será o meu herói.A pena é que ele nunca me achou digna disso... 

sábado, 13 de agosto de 2011

 Meu coração é um filme noir projetado num cinema de quinta categoria. A platéia joga pipoca na tela e vaia a história cheia de clichês.


domingo, 7 de agosto de 2011


Você, que não gosta de gostar, pra não sofrer, não sorrir e não chorar.
                                   Você vai ver um um dia em que fria você vai entrar!


Esse poema diz tanto por mim, mas tanto! 
Se você sabe conviver com pessoas intempestivas, emotivas, vulneráveis, amáveis, que explodem na emoção: acolha-me.

Você me quer?
Vai ter que ser bem desse jeitinho que sou, cheia de manias e defeitos, cheia de magrezas e neuras, carregada de cicatrizes e traumas. Eu sei, não sou nada fácil e pior sou inconstante, tenho humores variados, tpm e estou sempre com os dois pés atrás...
                                                    Conviver comigo é complicação na certa.
A única coisa que eu mudaria em você é o endereço.
Quem fica por razões erradas não fica por muito tempo.


E agora você passa e eu acho graça. Nessa vida tudo passa, e você também passou. Entre as flores, você era a mais bela, minha rosa amarela, que desfolhou. Perdeu a cor.
 
Toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Eu tenho medo de acreditar em você, de te desejar tanto tanto e acabar descobrindo que eu ainda tenho um coração.
Está tudo bem, tudo zen. – Soltou os dedos, desviou os olhos, acendeu um cigarro. – Só quero que você se sinta bem, meu bem.
Mas meu melhor amigo é meu único amor. 
O único que consegui. 
Porque ele sempre volta. 
E meu coração fica calmo.





Quero que você me traga.
                                                                  Que você me trague.
Quero que você me trombe.
Que você me estrague.




Eu só vejo você enchendo minha vida de estrelas. Se você puder, não tenha medo. Eu sou só uma menina que voltou a ver estrelas.


Não me pergunte o que eu faço da vida, isso é banal, é triste, é comum. Queira saber o que me faz feliz, meu ponto fraco pras cócegas.



Tem gente que é só passar pela gente que a gente fica contente. Tem gente que sente o que a gente sente e passa isto docemente. Tem gente que vive como a gente vive, tem gente que fala e nos olha na face, tem gente que cala e nos faz olhar. Toda essa gente que convive com a gente, leva da gente o que a gente teme passa a ser gente dentro da gente. Um pedaço da gente em outro alguém.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011


Mas e quanto ao que chamamos de relacionamento, vamos todo mundo largar a mão e perder as esperanças, vamos entrar na era do pessimismo?

                                                                         Não, não podemos.
É que isso é tipo uma bolsa de valores.Se você investe pouco, o seu retorno é quase mínimo, porém a chance de perder também é mínima.
           Quanto mais você investe, mais você ganha, porém a chance de perder também aumenta.
                                                 Até você fazer o investimento correto.
                                                 Há de ter algum acionista aí pra gente.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011


                                                                     Você foi covarde.
Você me pediu um cigarro, Agosto. Saudades ficam violentas quando mudamos de endereço. Saudades ficam insuportáveis quando mudamos de sentido.Você confunde sacrifício com covardia. Compreendo. Eu confundo amor com loucura. Cada um tem seus motivos, sua maneira de se convencer que fez o melhor, fez o que podia. Você me avisou que não tinha escolha. Nunca teria escolha (...) Não serei vizinho de seu sobrenome. Seus nomes esperam um único nome que ficou para trás. Você não desencarnou, não se encarnou, deixou sua carne parada nas leituras. Morrer é continuar o que não foi vivido. Vai me continuar sem saber. Você foi covarde. Com sua ternura pálida, seu medo de tudo, sua polidez em cumprir as promessas. Você não aprendeu a mentir. Tampouco aprendeu a dizer a verdade. (...) Você não revidou nenhuma das agressões, não revidará mais essa. Você foi covarde. A mais bela covardia de minha vida. A mais comovida. A mais sincera. A mais dolorida.
Insensatamente covarde.

Ele falava de sentimento. Então, eu perguntei:
— De que cor é a saudade?
Ele me respondeu:
— A saudade tem a cor da pele de quem nos faz falta.


E se eu te machucar querido, saiba que eu me machuquei também.

domingo, 31 de julho de 2011



Tanta coisa acontece com a gente. Tanta gente passa pela gente, mas tão pouca gente realmente fica.



Dizem que é irmão, mas são filho-da-puta.

Se soubesse como te quero feliz, arrancaria toda a sua dor e colocaria em mim, sério Zé.

.. Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?

sábado, 30 de julho de 2011

Ela me aperta como sempre, até que algum ossinho da minha coluna estale, 
e me diz, como sempre também:
 Que é que você tem que eu sempre largo tudo e venho te ver?
 quer coisa melhor do que poder ficar quieto ao lado de alguém, sem que nenhum dos dois se atrapalhe com isso? 




Pede mais um trago, acende um cigarro e fica um pouco mais. Teu relógio tá louco, espera mais um pouco… Agora tanto faz!



Deixa eu te ajudar, moço? Basta abrir algum espaço na tua vida tão conturbada, que eu entro. Entro e prometo te fazer feliz todos os dias. Aceitar-te como és, e em momento algum abandonar-te. Basta querer, que eu entro. Prometo nunca te soltar. Basta querer. Deixa?
Se é assim quero sim, acho que vim pra te ver. 

terça-feira, 26 de julho de 2011


"Eu olho para você e tenho tanta, mas tanta alegria em saber que você existe."




Eu senti um amor imenso. Por tudo, sem pedir nada em troca. 




De longe,
Te sinto.
Te sei.


Quando  a  gente  gosta,  a  gente  começa  emprestando  um  livro,  depois  um  casaco,  um  guarda-chuva ,  até  que  somos  mais  emprestados  do  que  devolvidos.  Gostar  é  não  devolver,  é  se  endividar de  lembranças.



Eu quis ele por uma aventura, uma risada, uma distração. Depois quis o colo dele para sempre.



Não é fácil, muitas vezes eu me sinto sufocar de saudade, de vontade de estar perto.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

 Tomando porres e porres de saudade.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

terça-feira, 19 de julho de 2011

sábado, 16 de julho de 2011

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Ela arregalava os olhos e apertava a mão dele com mais força. Ele achava graça dos sustos que ela levava no meio do filme. Entre um e outro, ela pedia a manteiga de cacau emprestada e olhava para ele sorrindo. Ele, cúmplice, sorria de volta feito menino, era a sua vez de apertar a mão dela.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta:eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque – a sede é a graça,mas as águas são uma beleza de escuras – e ao toque brilhava o brilho da água deles,a boca ficando um pouco mais seca de admiração.Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não.Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles.Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas.Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto.No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas,e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso.Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos.Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham.Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram.Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca,e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca,o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.


terça-feira, 5 de julho de 2011


Tinha vontade de vomitar, e não vomitava.
Vontade de gritar e não gritava. Gentil, amável, tolerante e sem sexo.Algum cigarro, nenhum ombro, alguma insônia, nenhum toque, um último acorde de violino, e depois o sono, e depois?

segunda-feira, 4 de julho de 2011



Na minha casa se dizia eu te amo o tempo todo: Mãe, 
me acorda às seis, te amo. Saí pra comprar pão, amo vocês. Desculpa por ter sido grossa, e obrigada por me amarem mesmo assim. O amor estava nas brigas, nas cócegas, nas cantorias na cozinha e em todos os outros espaços da casa. É tão natural que eu saia por aí espalhando amor, dizendo amor, escrevendo e sorrindo amor.Não sei ser contida e pensar mil vezes antes de dizer que gosto de alguém. Até consigo, mas o amor fica querendo sair por cada poro do meu corpo, tornando uma luta desagradável, essa de não dizer.Não era para ser desse jeito.As pessoas não deviam entrar em pânico e sumir ao ouvir que outras se importam, muito pelo contrário: deviam deixá-las mostrar o que são capazes de fazer pra dividir esse carinho.

segunda-feira, 27 de junho de 2011


- Gostas de mim?

- Gosto, gosto de ti em tons de vermelho e preto e gosto de ti à luz das velas. 

- Gosto de ti o suficiente para te querer por perto, e a mesma porção para não me querer intrometer na tua vida.



- Nunca mais vai ser a mesma coisa, pequena.

- Mas e se eu quiser muito? E se eu fechar os olhos e pedir com muita muita força?

- Eu vou sempre lembrar-me de ti.



Há uma coisa que eu devia ter contado. Ou não… talvez não. Não sei.

segunda-feira, 20 de junho de 2011


Há dias que te quero.
                                                                  Adias que me queres.


Bilhete da Ousada Donzela

Jonathan,
há nazistas desconfiados.
Põe aquela sua camisa que eu detesto
- comprada no Bazar Marrocos -
e venha como se fosse pra consertar meu chuveiro.
Aproveita na terça que meu pai vai com minha mãe
visitar tia Quita no Lajeado.
Se mudarem de idéia, mando novo bilhete.
Venha sem guarda-chuva - mesmo se estiver chovendo -
Não agüento mais tio Emílio que sabe e finge não saber
que te namoro escondido e vive te pondo apelidos.
O que você disse outro dia na festa dos pecuaristas
até hoje soa igual música tocando no meu ouvido:
“Não paro de pensar em você.”
Eu também, Natinho, nem um minuto.
Na terça, às duas da tarde,
hora em que se o mundo acabar eu nem vejo.

Com aflição,
Antônia

Primeiro me ame, depois diga o resto.
                                                               Se sobrar tempo ou necessidade.

domingo, 19 de junho de 2011

Porque existem coisas que deveriam se repetir mais vezes ao dia:

* verdades |sete vezes|
* sorriso com os olhos |cinco vezes|
* abraço |uma vez|
* sorriso com a alma | duas, pelo menos| - dica: alivia!
* obrigada |dez vezes|
* sins |duas vezes|
* nãos |uma vez|
* conversa com crianças |uma vez|
* conversa com crianças com mais de 60 anos |duas vezes|
* eu te amo |uma vez| - seja de quem for, mas seja

Faz tua lista também e me chama?

domingo, 12 de junho de 2011



O Amor já se apaixonou? 
                                          Se sim, o que ele diria se não fosse correspondido?

Eu sei que você, sorrateiramente me quer. 
                                                   Mas o que você não sabe...é que secretamente,você me tem.

Tenho sempre um pouco de amor guardado no bolso. Na dúvida, espalho amor...posso não recebê-lo em troca, mas tenho a certeza de que um pouco dele ficará por onde eu for.


Quantos quilômetros são necessários pra separar um coração?

quinta-feira, 9 de junho de 2011


Fuma pra mim?
Como é?
Fuma pra mim! (e o que antes era um pedido, virou uma ordem e aquilo a excitou como se ele tivesse pedido para ela gozar pra ele, exatamente como ele havia feito, minutos antes…)
Você sabe que eu tô tentando parar, inclusive porque você reclamava que...
Eu sei… só fuma. Eu não tô te pedindo que me ame, mas que acenda um cigarro.
Ela levantou da cama, caminhou lentamente até a mesinha ao lado da janela, abriu a bolsa, pegou o maço de cigarro e o isqueiro. Sentou na ponta da cadeira, com o dorso ereto, o quadril empinado, e acendeu aquele cigarro barato que ele tanto detestava. Ficou ali, nua, muda, na penumbra do quarto, contra-luz, fumando, sem olhar pra ele. Fingindo indiferença, mas consciente da sensualidade de cada movimento minuciosamente observado, de cada tragada, da fumaça que assoprava lentamente.
Ele não tinha cinzeiro em casa. As cinzas do cigarro caiam no chão e ela não se importava. Nem ele.
Foda-se o teu tapete branco.
- Por que você se pinta tanto?
- Por que, diabos, você tem um tapete branco no seu quarto?
- Pelo mesmo motivo que você se pinta…
- Se isso te irrita tanto, por que você me pediu que viesse?
- Eu não pedi que você viesse maquiada, nem com as unhas e os cabelos pintados de vermelho…
- Mas me pediu pra fumar pra você…
Ela descruzou as pernas, apoiou o cigarro na ponta da mesa, bem na direção do tapete branco. De propósito, obviamente. A fumaça subia e escapava pela janela, junto com os pensamentos dele. Enquanto ele acompanhava o caminho da fumaça, ela o encarava, ao passo que ele, ao perceber o desafio, devolveu o olhar com outra pergunta:
- Por que você veio?
Ela riu.
- Pra ter certeza de que você se arrependeu, pra te ver agonizar silenciosamente, bem assim, do jeitinho que você tá fazendo agora…
- Sádica.
- E quanto a você? Por que me chamou?
- Pra lembrar…
Com o tempo, a memória falha. E como se não bastasse falhar, sabota. Ele só lembrava do sorriso dela, da pele lisa, do corpo lindo, do jeito irreverente e falador, das noites em claro fazendo amor. Precisava lembrar dos vícios, ver as vísceras dos defeitos de novo, bem de perto, pra ter certeza de que ela não era mulher pra ele, com aquelas roupas justas, o sutiã que nunca combinava com a calcinha, o cabelo multicolorido, a maquiagem exagerada, as unhas mal pintadas de vermelho aberto, roídas nas pontas, o cigarro fedorento que ela fumava com um charme quase insultante, deixando a marca do batom vermelho de péssimo gosto.
O cigarro durou a eternidade do silêncio, com diálogos espaçados. E ela ainda haveria de fumar outros tantos pra ele lembrar do que precisava esquecer…
Isso se ela não o tragasse antes, entre um cigarro e outro.