segunda-feira, 27 de junho de 2011


- Gostas de mim?

- Gosto, gosto de ti em tons de vermelho e preto e gosto de ti à luz das velas. 

- Gosto de ti o suficiente para te querer por perto, e a mesma porção para não me querer intrometer na tua vida.



- Nunca mais vai ser a mesma coisa, pequena.

- Mas e se eu quiser muito? E se eu fechar os olhos e pedir com muita muita força?

- Eu vou sempre lembrar-me de ti.



Há uma coisa que eu devia ter contado. Ou não… talvez não. Não sei.

segunda-feira, 20 de junho de 2011


Há dias que te quero.
                                                                  Adias que me queres.


Bilhete da Ousada Donzela

Jonathan,
há nazistas desconfiados.
Põe aquela sua camisa que eu detesto
- comprada no Bazar Marrocos -
e venha como se fosse pra consertar meu chuveiro.
Aproveita na terça que meu pai vai com minha mãe
visitar tia Quita no Lajeado.
Se mudarem de idéia, mando novo bilhete.
Venha sem guarda-chuva - mesmo se estiver chovendo -
Não agüento mais tio Emílio que sabe e finge não saber
que te namoro escondido e vive te pondo apelidos.
O que você disse outro dia na festa dos pecuaristas
até hoje soa igual música tocando no meu ouvido:
“Não paro de pensar em você.”
Eu também, Natinho, nem um minuto.
Na terça, às duas da tarde,
hora em que se o mundo acabar eu nem vejo.

Com aflição,
Antônia

Primeiro me ame, depois diga o resto.
                                                               Se sobrar tempo ou necessidade.

domingo, 19 de junho de 2011

Porque existem coisas que deveriam se repetir mais vezes ao dia:

* verdades |sete vezes|
* sorriso com os olhos |cinco vezes|
* abraço |uma vez|
* sorriso com a alma | duas, pelo menos| - dica: alivia!
* obrigada |dez vezes|
* sins |duas vezes|
* nãos |uma vez|
* conversa com crianças |uma vez|
* conversa com crianças com mais de 60 anos |duas vezes|
* eu te amo |uma vez| - seja de quem for, mas seja

Faz tua lista também e me chama?

domingo, 12 de junho de 2011



O Amor já se apaixonou? 
                                          Se sim, o que ele diria se não fosse correspondido?

Eu sei que você, sorrateiramente me quer. 
                                                   Mas o que você não sabe...é que secretamente,você me tem.

Tenho sempre um pouco de amor guardado no bolso. Na dúvida, espalho amor...posso não recebê-lo em troca, mas tenho a certeza de que um pouco dele ficará por onde eu for.


Quantos quilômetros são necessários pra separar um coração?

quinta-feira, 9 de junho de 2011


Fuma pra mim?
Como é?
Fuma pra mim! (e o que antes era um pedido, virou uma ordem e aquilo a excitou como se ele tivesse pedido para ela gozar pra ele, exatamente como ele havia feito, minutos antes…)
Você sabe que eu tô tentando parar, inclusive porque você reclamava que...
Eu sei… só fuma. Eu não tô te pedindo que me ame, mas que acenda um cigarro.
Ela levantou da cama, caminhou lentamente até a mesinha ao lado da janela, abriu a bolsa, pegou o maço de cigarro e o isqueiro. Sentou na ponta da cadeira, com o dorso ereto, o quadril empinado, e acendeu aquele cigarro barato que ele tanto detestava. Ficou ali, nua, muda, na penumbra do quarto, contra-luz, fumando, sem olhar pra ele. Fingindo indiferença, mas consciente da sensualidade de cada movimento minuciosamente observado, de cada tragada, da fumaça que assoprava lentamente.
Ele não tinha cinzeiro em casa. As cinzas do cigarro caiam no chão e ela não se importava. Nem ele.
Foda-se o teu tapete branco.
- Por que você se pinta tanto?
- Por que, diabos, você tem um tapete branco no seu quarto?
- Pelo mesmo motivo que você se pinta…
- Se isso te irrita tanto, por que você me pediu que viesse?
- Eu não pedi que você viesse maquiada, nem com as unhas e os cabelos pintados de vermelho…
- Mas me pediu pra fumar pra você…
Ela descruzou as pernas, apoiou o cigarro na ponta da mesa, bem na direção do tapete branco. De propósito, obviamente. A fumaça subia e escapava pela janela, junto com os pensamentos dele. Enquanto ele acompanhava o caminho da fumaça, ela o encarava, ao passo que ele, ao perceber o desafio, devolveu o olhar com outra pergunta:
- Por que você veio?
Ela riu.
- Pra ter certeza de que você se arrependeu, pra te ver agonizar silenciosamente, bem assim, do jeitinho que você tá fazendo agora…
- Sádica.
- E quanto a você? Por que me chamou?
- Pra lembrar…
Com o tempo, a memória falha. E como se não bastasse falhar, sabota. Ele só lembrava do sorriso dela, da pele lisa, do corpo lindo, do jeito irreverente e falador, das noites em claro fazendo amor. Precisava lembrar dos vícios, ver as vísceras dos defeitos de novo, bem de perto, pra ter certeza de que ela não era mulher pra ele, com aquelas roupas justas, o sutiã que nunca combinava com a calcinha, o cabelo multicolorido, a maquiagem exagerada, as unhas mal pintadas de vermelho aberto, roídas nas pontas, o cigarro fedorento que ela fumava com um charme quase insultante, deixando a marca do batom vermelho de péssimo gosto.
O cigarro durou a eternidade do silêncio, com diálogos espaçados. E ela ainda haveria de fumar outros tantos pra ele lembrar do que precisava esquecer…
Isso se ela não o tragasse antes, entre um cigarro e outro.

- Sempre amei seu bom humor.
- Sempre amei você.
- Não fala mais nada.
- Não me deixa falar.